*Mal sabia ele a diferença que esta bela mulher fará em sua vida.
Entre diálogos alcolizados e tragos de cigarros embevecidos, olhares e desejos (até então escondidos no fundo...bem no fundo) tão fundos que nem mesmo imaginaram.
Ele não deixava entregar-se...ela procurava entregar-se. Mas para quem? Quem vale a pena tal atitude..?
Duas almas tão próximas...um espelho. Apenas um espelho.
Simples? Depende...
Bom...pedaços de carne em sua cama, pingos de suor...e vazio. Apenas o vazio.
Foi quando, em um ataque de fúria disfarçado de Bowie, tudo mudou...para ambos. Uma ficha que caiu sem nem mesmo perceber...mas ela caiu. Uma aposta no escuro, um pulo no precipício interno.
E entre porres, maços de cigarros, Doors, Bowie, desejos, conversas, vento frio...trocaram mensagens, sem perceber que aquilo os ligariam de uma maneira eterna. Assim, decidiram passar apenas uma noite juntos. Ela esperando o esperado. Ele esperando não errar. Não erraram..não por medo, apenas não erraram por estarem juntos. Dividiram vidas, idéias, risos, choros e beijos.
Sem perceber, uniram seus corpos, suor e amor. Antes mesmo de descobrir que era amor, mas era, simples e o mais puro amor.
Num resumo de ambiguidades..quando estão sós, eles se olham no espelho e o reflexo é o rosto do outro. E quando estão juntos, o olhar reflete o mesmo. E o que é este 'mesmo'? É o reflexo do amor.
Então eles adormecem, quando longes e sonham..sonhos que se realizam todos os dias por saberem que estão juntos...
O que um dia foi um "olá"..transformou-se em melhores amigos, melhores companheiros, melhores amantes e o melhor que pode-se ter entre duas pessoas...o melhor amor imperfeito. Sim, imperfeito..pois apenas assim poderão ser perfeitos...JUNTOS.

- Só assim poderei esquentar tuas mãos, teu corpo e tua alma. Entregues ao espelho do amor.
...para meu Bowie enfurecido.
* porque mortos não falam. (Paola Bracho)
by Rafa Borghetti